Chinese Democracy 1998: Juntando a nova banda
No começo de 1998, a Geffen Records mandou James Barber, do setor de artistas e repertório, para trabalhar com a banda. "Nada mais tinha funcionado, então a Geffen imaginou me mandar até lá para falar com Axl", disse Barber em 2005. "Nenhum gasto foi cortado. Eles eram a maior banda da história do selo e, ainda que somente Axl tivesse ficado, a Geffen Records vivia e respirava por um novo álbum do Guns. Nós queríamos desesperadamente um novo trabalho para lançar no Natal de 1998 e eu tinha um ano para conseguir que eles o terminassem".
A revista Classic Rock apresentou nesta série, ano por ano, um relatório dos bastidores do álbum mais controverso de todos os tempos.
Compilado por: Lauri Löytökoski
Material adicional: Scott Rowley
Em março, Axl foi ver a banda Tool no Hollywood Palladium, antes de recrutar Billy Howerdel, o técnico de guitarra do Tool e também técnico de Pro Tools. Howerdel falou sobre o episódio ao site Blabbermouth:
"Eu primeiramente fui pra lá para programar alguns sons de guitarra, depois concluir encaixando-os com o vocal do Axl, depois o meu trabalho meio que mudou e eu me tornei o cara do computador. Eu não sei o que eu era exatamente. Eu ficava lá a noite toda com Axl enquanto ele trabalhava. A banda vinha durante o dia com um produtor e trabalhava quase que o tempo todo, depois eu chegava às dez da noite, dizia tchau para os caras, Axl aparecia depois e nós fazíamos a nossa parte a noite toda até chegar o dia seguinte".
Howerdel por sua vez apresentou Axl a Chris Pitman - um multi-instrumentista que saiu em turnê com o Tool - que recebeu a tarefa de trazer alguns "sons modernos para a mistura". A banda se mudou para o Rumbo Recorders em San Fernando - onde partes de “Appetite For Destruction” foram gravadas - e Axl começou a montar uma banda de verdade.
O baterista de estúdio Josh Freese falou sobre esse período: "Eu fui lá e fiz um teste com eles, muito doente - eu tinha comido uns frutos do mar estragados em Londres naquele mesmo dia, entrei no avião e fiz o teste à noite. Eu vomitei durante todo o trajeto para o local de ensaios. Axl foi muito legal, contudo, e tinha uma mente bastante aberta quando o assunto era música. Ele disse: 'eu ouvi você tocar com o Devo; eu gosto muito do Devo e quando eu gosto de algo, você ganha alguns créditos por também gostar daquilo'. Eu pensei: 'Esse cara é realmente legal'. Tornou-se óbvio que ele realmente ouve música - ele estava falando de artistas de todos os estilos. Eles me convidaram pra voltar e desde o começo Axl foi muito gentil e nós nos demos bem e nos divertimos juntos. Ele estava completamente aberto, então eu acabei decidindo me juntar à banda".
Freese, por sua vez, trouxe um amigo: o ex-baixista dos Replacements, Tommy Stinson(foto ao lado) : "eu estava em uma sessão com (Josh Freese). Ele estava brincando, falando que o Guns precisava de um novo baixista. Eu ri e disse que tocaria. No dia seguinte eles me ligaram".
No dia 1.º de maio de 1998, a Geffen Records oficialmente reconheceu a saída de Slash e Duff do Guns n' Roses e Axl assinou um contrato com a gravadora "para lançar aquele disco novo... Até o dia 1.º de março de 1999, e para tanto receberá um adiantamento substancial da Geffen".
Axl estava empenhado em quebrar o silêncio, ao lançar "This I Love" (uma música que ele mencionou em 1993) numa trilha sonora: "What Dreams May Come", um filme de Robin Williams. O site Splat comentou:
"Dawn Soler, o supervisor musical do filme 'What Dreams May Come' me assegurou que Axl 'gostava muito do filme' e de forma bastante interessante sugeriu que ele 'compôs a música para o filme'. Essa afirmação contradiz uma entrevista de 1994 em que Axl disse que já havia composto a música, que muitos fãs especularam que era sobre Dylan, o filho da ex-companheira de Axl, Stephanie Seymour".
A faixa nunca viu a luz do dia. A banda, de qualquer forma, estava ocupada - regravando "Appetite For Destruction". Axl disse à MTV no ano seguinte: "eu regravei o Appetite com Josh Freese na bateria, Tommy Stinson no baixo, Paul Tobias na guitarra... E Robin Finck fez os solos... Com a exceção de duas músicas ('Anything Goes' e 'You're Crazy'), porque nós as substituímos com 'You Could Be Mine' e 'Patience', e por que fazer isso? Bem, nós tivemos que ensaiar essas músicas de qualquer forma para tocâ-las ao vivo de novo, e hoje nós temos um monte de novas técnicas de gravação e certos estilos sutis e viradas de bateria e coisas do tipo que são meio que típicas dos anos 80 que poderiam ser sutilmente melhoradas... Um pouco menos de reverb e um pouco menos de bumbo duplo e coisas do gênero".
Axl viu a regravação de Appetite como uma espécie de 'prova de vestido' para a composição de um novo álbum do Guns com a formação que ele recentemente havia consolidado. "No começo (a nova banda) não queria tocar (as músicas antigas)", disse ele à Rock & Pop FM. "Eles não queriam tocá-las muito, porque eles são músicos. Eles tinham uma atitude punk, assim como o velho Guns N' Roses . Mas, mais tarde, isso se tornou divertido pra eles, ele começaram a apreciar as músicas e gostar de tocá-las".
"Faz muitos anos que nós não escrevemos ou gravamos músicas. Houve muitas mudanças de membros na banda e houve muitas mudanças na gravadora. Quando nós tentamos compor músicas no velho estilo do Guns n' Roses, elas soaram velhas, não soaram vivas. Não dava pra gente fazer aquilo. E eu acho também que isso morreu com o velho Guns N' Roses. As músicas compostas pelos caras para outro álbum, muitos anos atrás, tudo soa velho. Então nós estamos tentando explorar novas coisas para manter a banda viva".
O novo produtor Youth (o ex-baixista do Killing Joke, em alta após ter produzido o U2 e o Verve) tentou fazer com que Axl focasse em fazer novas músicas, tocando na cozinha da casa dele com violões, só para fazê-lo cantar de novo: "fazia uns 18 meses que ele não cantava", Youth disse mais tarde. "Eu acho que esse álbum se tornou um verdadeiro trabalho. Ele estava emperrado e não sabia como agir, então ele o estava evitando". "Ele tinha umas idéias brilhantes, mas eram pouco mais do que rascunhos. Ele realmente queria deixar o passado para trás e fazer um álbum altamente ambicioso, algo como um cruzamento de 'Physical Grafitti', do Led Zeppelin, com 'Dark Side Of The Moon', do Pink Floyd", Youth disse ao Times em 2005.
Considerando as notas de “Chinese Democracy”, um desses rascunhos era uma faixa que viria a se tornar “Madagascar”. Foi mais ou menos nessa época que Chris Pitman, co-autor da faixa, começou a trabalhar com a banda. Dave Dominguez, então um engenheiro de som da rumbo, lembrou de alguns outros títulos de músicas do período: "'Oklahoma' estava quase pronta quando eles entraram em estúdio. Axl a escreveu inspirado no atentado a bomba de Oklahoma (mais como um tributo àqueles que morreram, se não me engano). 'Ides of March' era um título provisório de uma das músicas que vieram de um loop que Dizzy trouxe".
Geffen ofereceu um dinheiro extra para Youth se ele conseguisse terminar o álbum em março de 1999. Mas quando ele forçou, Axl resistiu. Youth: "Axl estava extremamente infeliz. Eu senti que ele estava deprimido porque ele só trabalhava das nove da noite às nove da manhã. Ele havia se tornado um eremita. No final, ele me disse que não estava pronto. Ele estava tentando atingir algum nível espiritual que o fizesse feliz".
Youth desistiu e um novo produtor foi recomendado por Robin e por Billy Howerdel, Sean Beavan (produtor de Marilyn Manson e NIN), enquanto a parte de gravação e programação foi assumida por Critter (o colaborador do Ministry, Jeff Newell). Toda essa atividade, todavia, significou que James Barber, da parte de artistas e repertório da Geffen, viu o seu relacionamento de um ano com a banda chegar ao fim sem que houvesse um álbum, ainda que ele diga que existia um naquela época: "a versão Robin Finck/ Josh Freese/ Tommy Stinson/ Billy Howerdel/ Dizzy Reed do álbum que foi gravada em 1998 era incrível. Ainda soava como o Guns mas havia elementos de Zeppelin, Nine Inch Nails e Pink Floyd no material".
"Tudo de que o disco precisava era de vocais e de mixagem. Se Axl tivesse gravado os vocais, teria sido um disco totalmente contemporâneo em 1999".
Créditos: Whiplash
A revista Classic Rock apresentou nesta série, ano por ano, um relatório dos bastidores do álbum mais controverso de todos os tempos.
Compilado por: Lauri Löytökoski
Material adicional: Scott Rowley
Em março, Axl foi ver a banda Tool no Hollywood Palladium, antes de recrutar Billy Howerdel, o técnico de guitarra do Tool e também técnico de Pro Tools. Howerdel falou sobre o episódio ao site Blabbermouth:
"Eu primeiramente fui pra lá para programar alguns sons de guitarra, depois concluir encaixando-os com o vocal do Axl, depois o meu trabalho meio que mudou e eu me tornei o cara do computador. Eu não sei o que eu era exatamente. Eu ficava lá a noite toda com Axl enquanto ele trabalhava. A banda vinha durante o dia com um produtor e trabalhava quase que o tempo todo, depois eu chegava às dez da noite, dizia tchau para os caras, Axl aparecia depois e nós fazíamos a nossa parte a noite toda até chegar o dia seguinte".
Howerdel por sua vez apresentou Axl a Chris Pitman - um multi-instrumentista que saiu em turnê com o Tool - que recebeu a tarefa de trazer alguns "sons modernos para a mistura". A banda se mudou para o Rumbo Recorders em San Fernando - onde partes de “Appetite For Destruction” foram gravadas - e Axl começou a montar uma banda de verdade.
O baterista de estúdio Josh Freese falou sobre esse período: "Eu fui lá e fiz um teste com eles, muito doente - eu tinha comido uns frutos do mar estragados em Londres naquele mesmo dia, entrei no avião e fiz o teste à noite. Eu vomitei durante todo o trajeto para o local de ensaios. Axl foi muito legal, contudo, e tinha uma mente bastante aberta quando o assunto era música. Ele disse: 'eu ouvi você tocar com o Devo; eu gosto muito do Devo e quando eu gosto de algo, você ganha alguns créditos por também gostar daquilo'. Eu pensei: 'Esse cara é realmente legal'. Tornou-se óbvio que ele realmente ouve música - ele estava falando de artistas de todos os estilos. Eles me convidaram pra voltar e desde o começo Axl foi muito gentil e nós nos demos bem e nos divertimos juntos. Ele estava completamente aberto, então eu acabei decidindo me juntar à banda".
Freese, por sua vez, trouxe um amigo: o ex-baixista dos Replacements, Tommy Stinson(foto ao lado) : "eu estava em uma sessão com (Josh Freese). Ele estava brincando, falando que o Guns precisava de um novo baixista. Eu ri e disse que tocaria. No dia seguinte eles me ligaram".
No dia 1.º de maio de 1998, a Geffen Records oficialmente reconheceu a saída de Slash e Duff do Guns n' Roses e Axl assinou um contrato com a gravadora "para lançar aquele disco novo... Até o dia 1.º de março de 1999, e para tanto receberá um adiantamento substancial da Geffen".
Axl estava empenhado em quebrar o silêncio, ao lançar "This I Love" (uma música que ele mencionou em 1993) numa trilha sonora: "What Dreams May Come", um filme de Robin Williams. O site Splat comentou:
"Dawn Soler, o supervisor musical do filme 'What Dreams May Come' me assegurou que Axl 'gostava muito do filme' e de forma bastante interessante sugeriu que ele 'compôs a música para o filme'. Essa afirmação contradiz uma entrevista de 1994 em que Axl disse que já havia composto a música, que muitos fãs especularam que era sobre Dylan, o filho da ex-companheira de Axl, Stephanie Seymour".
A faixa nunca viu a luz do dia. A banda, de qualquer forma, estava ocupada - regravando "Appetite For Destruction". Axl disse à MTV no ano seguinte: "eu regravei o Appetite com Josh Freese na bateria, Tommy Stinson no baixo, Paul Tobias na guitarra... E Robin Finck fez os solos... Com a exceção de duas músicas ('Anything Goes' e 'You're Crazy'), porque nós as substituímos com 'You Could Be Mine' e 'Patience', e por que fazer isso? Bem, nós tivemos que ensaiar essas músicas de qualquer forma para tocâ-las ao vivo de novo, e hoje nós temos um monte de novas técnicas de gravação e certos estilos sutis e viradas de bateria e coisas do tipo que são meio que típicas dos anos 80 que poderiam ser sutilmente melhoradas... Um pouco menos de reverb e um pouco menos de bumbo duplo e coisas do gênero".
Axl viu a regravação de Appetite como uma espécie de 'prova de vestido' para a composição de um novo álbum do Guns com a formação que ele recentemente havia consolidado. "No começo (a nova banda) não queria tocar (as músicas antigas)", disse ele à Rock & Pop FM. "Eles não queriam tocá-las muito, porque eles são músicos. Eles tinham uma atitude punk, assim como o velho Guns N' Roses . Mas, mais tarde, isso se tornou divertido pra eles, ele começaram a apreciar as músicas e gostar de tocá-las".
"Faz muitos anos que nós não escrevemos ou gravamos músicas. Houve muitas mudanças de membros na banda e houve muitas mudanças na gravadora. Quando nós tentamos compor músicas no velho estilo do Guns n' Roses, elas soaram velhas, não soaram vivas. Não dava pra gente fazer aquilo. E eu acho também que isso morreu com o velho Guns N' Roses. As músicas compostas pelos caras para outro álbum, muitos anos atrás, tudo soa velho. Então nós estamos tentando explorar novas coisas para manter a banda viva".
O novo produtor Youth (o ex-baixista do Killing Joke, em alta após ter produzido o U2 e o Verve) tentou fazer com que Axl focasse em fazer novas músicas, tocando na cozinha da casa dele com violões, só para fazê-lo cantar de novo: "fazia uns 18 meses que ele não cantava", Youth disse mais tarde. "Eu acho que esse álbum se tornou um verdadeiro trabalho. Ele estava emperrado e não sabia como agir, então ele o estava evitando". "Ele tinha umas idéias brilhantes, mas eram pouco mais do que rascunhos. Ele realmente queria deixar o passado para trás e fazer um álbum altamente ambicioso, algo como um cruzamento de 'Physical Grafitti', do Led Zeppelin, com 'Dark Side Of The Moon', do Pink Floyd", Youth disse ao Times em 2005.
Considerando as notas de “Chinese Democracy”, um desses rascunhos era uma faixa que viria a se tornar “Madagascar”. Foi mais ou menos nessa época que Chris Pitman, co-autor da faixa, começou a trabalhar com a banda. Dave Dominguez, então um engenheiro de som da rumbo, lembrou de alguns outros títulos de músicas do período: "'Oklahoma' estava quase pronta quando eles entraram em estúdio. Axl a escreveu inspirado no atentado a bomba de Oklahoma (mais como um tributo àqueles que morreram, se não me engano). 'Ides of March' era um título provisório de uma das músicas que vieram de um loop que Dizzy trouxe".
Geffen ofereceu um dinheiro extra para Youth se ele conseguisse terminar o álbum em março de 1999. Mas quando ele forçou, Axl resistiu. Youth: "Axl estava extremamente infeliz. Eu senti que ele estava deprimido porque ele só trabalhava das nove da noite às nove da manhã. Ele havia se tornado um eremita. No final, ele me disse que não estava pronto. Ele estava tentando atingir algum nível espiritual que o fizesse feliz".
Youth desistiu e um novo produtor foi recomendado por Robin e por Billy Howerdel, Sean Beavan (produtor de Marilyn Manson e NIN), enquanto a parte de gravação e programação foi assumida por Critter (o colaborador do Ministry, Jeff Newell). Toda essa atividade, todavia, significou que James Barber, da parte de artistas e repertório da Geffen, viu o seu relacionamento de um ano com a banda chegar ao fim sem que houvesse um álbum, ainda que ele diga que existia um naquela época: "a versão Robin Finck/ Josh Freese/ Tommy Stinson/ Billy Howerdel/ Dizzy Reed do álbum que foi gravada em 1998 era incrível. Ainda soava como o Guns mas havia elementos de Zeppelin, Nine Inch Nails e Pink Floyd no material".
"Tudo de que o disco precisava era de vocais e de mixagem. Se Axl tivesse gravado os vocais, teria sido um disco totalmente contemporâneo em 1999".
Créditos: Whiplash
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